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Pavilhão do Brasil na Bienal de Veneza terá artista e curadoria indígena

Da Redação

A Fundação Bienal de São Paulo, responsável pelo Pavilhão do Brasil na 60ª Bienal de Veneza, em 2024, anunciou nesta quarta-feira (1) os curadores e artistas da representação nacional. O projeto será assinado e produzido por representantes indígenas: Arissana Pataxó, Denilson Baniwa e Gustavo Caboco Wapichana serão os curadores e Glicéria Tupinambá, com convidados, apresentará a exposição “Ka’a Pûera: nós somos pássaros que andam”. O espaço brasileiro na bienal será renomeado para Pavilhão Hãhãwpuá.

Também conhecida como Célia Tupinambá, a artista está entre os vencedores do Prêmio Pipa 2023, junto de Helô Sanvoy, Iagor Peres e Luana Vitra. As obras dos premiados na seleção deste ano estão em cartaz no Paço Imperial, no Centro do Rio, até o dia 22 deste mês. Oriunda da aldeia Serra do Padeiro, na Terra Indígena Tupinambá de Olivença, no sul da Bahia, Célia ganhou destaque ao retomar a confecção dos mantos tupinambás como obras, seguindo a tradição do século XVI, época em que vários deles foram levados para a Europa (um manto que está em Copenhague desde 1699 será devolvido ao Brasil no ano que vem, por doação do Museu Nacional da Dinamarca ao Museu Nacional).

O título da exposição, “Ka’a Pûera”, faz alusão a duas interpretações: o nome de uma ave que se camufla na mata e às antigas florestas desmatadas pelos Tupinambá para o cultivo agrícola, que posteriormente se regeneravam. “Em Tupi antigo, idioma dos Tupinambá, Ka’a Puera são antigas florestas derrubadas para se plantar roças. Após a colheita, esse espaço fica em repouso, surgindo assim um lugar com uma vegetação mais baixa. Ao primeiro olhar, esse espaço pode parecer infértil e inóspito, porém é na capoeira que está uma grande variedade de plantas medicinais. E, com o solo em recuperação, logo poderá ser uma nova roça para sustento da comunidade ou uma nova floresta. Onde aparentemente não há vida, é a possibilidade do ressurgimento”, explicam os curadores.

O nome com que o pavilhão será rebatizado, Hãhãwpuá, é usado pelos Pataxó para se referirem ao país como ao país como território indígena, antes da colonização, com Hãhãw significando “terra” na língua patxohã.

A 60ª Bienal de Veneza será realizada entre 20 de abril a 24 de novembro de 2024, e terá como curador o diretor artístico do Masp (Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand), Adriano Pedrosa. É a primeira vez que a mais antiga bienal de artes do mundo, criada em 1895, terá um latino-americano encarregado da seleção principal da mostra.

Fonte: O Globo

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